segunda-feira, 3 de março de 2008

Desenvolvimento Sustentavel

SUSTENTABILIDADE

Ao analisarmos alguns problemas sócio-ambientais referentes ao estado do planeta e de uma introdução histórica ao conceito de sustentabilidade, sentimos que as possibilidades para focalizar este assunto são inúmeras.
Mas a ótica construtivista desenvolvida nesse contexto justifica-se dentro das questões como relações entre conhecimento local, tradicional e perito (chave para analisar os conflitos ambientais) e a necessidade de assumir uma perspectiva mais complexa sobre os processos de desenvolvimento sustentável.


O desenvolvimento sustentável abrange os seguintes aspectos:

· Integração entre conservacionismo e desenvolvimento;
· Satisfação das necessidades humanas básicas;
· Oportunidades para realizar necessidades humanas
não materiais;
· Progresso no sentido da equidade e justiça social;
· Respeito e apoio à diversidade cultural;
· Condições para a autodeterminação social;
· Manutenção da integridade ecológica;

As propostas de desenvolvimento sustentável são uma alternativa cada vez mais difundida à era moderna que, junto com significativos benefícios, com muita frequência tem provocado impactos ambientais e sociais negativos, tanto nos países mais quanto nos menos desenvolvidos.

Alguns impactos ambientais negativos da modernidade:

Assoreamento de córregos e rios e contaminação dos recursos hídricos por pesticidas, nitratos, dejetos animais e humanos, o que por sua vez pode provocar desequilíbrios nos ecossistemas e problemas à saúde ao se beber água para consumo humano;

Contaminação dos alimentos por resíduos de pesticidas, nitratos e antibióticos;
Uso intensivo dos recursos naturais, afetando os lençóis freáticos, e a capacidade dos solos de absorver dejetos, etc;

Tendência ao crescimento desordenado dos centros urbanos com adensamento populacional de baixa renda em áreas de risco, e ocupação irregular sem ofertas de infra – estrutura e serviços básicos de saúde, educação, transporte e saneamento;

Elevação das tensões sociais e aumento da violência e criminalidade, oriundos da indisponibilidade de geração de renda e ocupação de mão de obra operária.


O conceito complexo de desenvolvimento sustentável remete fundamentalmente a uma atividade produtiva, equilibrada ambientalmente e capaz de preservar o tecido social das comunidades. Também se refere tanto a persistência e a capacidade de algo continuar por um longo tempo quanto à habilidade de adaptação frente a dificuldades inesperadas.

Em relação ao meio ambiente, envolve a idéia de não contaminar ou degradar os recursos naturais. Mas devemos considerar que qualquer definição de desenvolvimento sustentável é específico no tempo e lugar. As situações e condições mudam, e desta forma devem mudar as propostas de sustentabilidade. Por tanto, a sustentabilidade não implica um simples pacote ou modelo, mas um processo de aprendizagem.

Cada vez mais os projetos de sustentabilidade estão sendo associados com a utilização de métodos participativos que garantam um ativo envolvimento das populações alvos no desenho e na implementação das atividades definidas para melhorar o bem-estar da população.
O que se procura com isto é permitir o “empoderamento” destas pessoas através de sua participação. Este é um elemento chave dos projetos, combinado com um claro conhecimento dos limites ambientais e dos requisitos para atingir a satisfação das necessidades básicas das comunidades envolvidas.

A sustentabilidade inclui-se dentro de uma política mais ampla que procura o desenvolvimento humano e sustentável. Este propõe a orientação simultânea para o crescimento econômico, à equidade social, o uso racional dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, num marco de respeito das necessidades dos homens e mulheres.

Podemos afirmar que experiências bem sucedidas de desenvolvimento sustentável se apóiam fundamentalmente em:

a) tecnologias apropriadas e adaptadas às condições locais;
d) abordagens participativas;
d) reconhecimento da necessidade de aprendizagens coletivas;
e) vínculos positivos entre as iniciativas locais e as agências
externas, junto com a existência de parcerias entre as
agências envolvidas.

Precisamos entender que a sustentabilidade, um conceito tão utilizado hoje em dia, envolve um processo de aprendizagem. As práticas mais adiantadas, em lugar de representar um ponto final, permitem criar novos desafios e também novos conflitos. Alguns setores podem acabar sendo mais beneficiados que outros nesse processo.

Mas um aspecto central e chave para garantir a sustentabilidade é a aplicação de métodos participativos. Aqui o alerta vai para uma utilização meramente verbal, de boas intenções, mas que não leva a mudanças significativas nos processos decisórios a nível comunitário. Se isto acontece, sem dúvida que as práticas adotadas não levaram a melhoras nas condições de vida da população nem na qualidade ambiental.
Através destes métodos participativos podem reforçar-se aspectos chaves em nível das comunidades, que permitam a sustentabilidade das respectivas práticas.

Entre tais aspectos podemos mencionar:


1 Capital natural: bens e serviços naturais, como alimentos, regulação e abastecimento de água, tratamento de dejetos, fixação de nitrogênio, recriação e lazer, etc.

2 Capital social: a coesão das pessoas nas suas sociedades, e que envolve relações de confiança, reciprocidade e troca entre indivíduos, que permite fortalecer redes e grupos locais, que podem ter um caráter informal, e entre os indivíduos e organizações.

3 Capital humano: refere-se às condições da população em termos de educação, nutrição, capacidades e conhecimentos dos indivíduos, acesso a serviços como escolas, assistência médica, treinamento de adultos, e inclui também as formas em que os indivíduos e seus conhecimentos interagem com as tecnologias produtivas.

4 Capital físico: infraestrutura local, como habitação, estradas, pontes, fontes de energia, comunicação, mercados, etc.

5 Capital financeiro: envolve dinheiro e poupanças, acesso ao crédito, aposentadorias, subsídios, etc.

Os sistemas de desenvolvimento sustentável acumulam estes capitais com o tempo, enquanto sistemas de desenvolvimento não sustentável levam a seu deterioro.

Se estes elementos forem reforçados através de estratégias participativas podemos contar com que as melhorias na qualidade de vida da população vão a continuar e a revitalização do desenvolvimento pode levar a uma nova dinâmica econômica nos municipios.
Pensem nisso!
Fernando Cotonete

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