sábado, 15 de março de 2008

Para Pensar - nossas atitudes de hoje!


Para Pensar...



Carta escrita em 2070:

“Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo.
Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente.
Havia muitas árvores nas matas, nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas em amento mineral para limparmos a pele.
Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira.
Agora devemos raspar a cabeça para a manter limpa sem água.
Antes meu Pai lavava o carro com a água que saia de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, havia alguns chatos que ficavam falando sobre a necessidade de preservarmos o meio ambiente, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar.
Agora, todos os rios, córregos, riachos, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta.
Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porquê às redes de esgoto não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera.
Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
Não se tem mais sombras das árvores que desenhavam um cenário natural não muito valorizado pelos olhos dos que só pensavam em progresso. As infecções gastrintestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático.
As fábricas dessanilisadoras são a principal fonte de emprego e pagam-se com água potável ao invés de salário. Os assaltos por um bidão de água são comuns em ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressiguidade da pele uma jovem de 20 anos está como se estivesse com 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água. O oxigênio também esta degradado por falta de árvores o que diminui o coeficiente intelectual de novas gerações.
Alterou a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como conseqüência há muitos meninos e meninas com insuficiências, mutações e deformações.
O governo até nos cobra pelo ar que respiramos. 137 m³ por dia por habitante adulto.
As pessoas que não podem pagar são retiradas das “zonas ventiladas” que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade, mas pode-se respirar. A idade média de sobrevivência é de 35 anos parecendo estar com 70 anos de vida.
Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército, a água tornou-se um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro e os diamantes.
Aqui na minha cidade, não há arvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se precipitação, é de chuva ácida e as estações do ano tem sido severamente transformadas pelas provas atômicas e das indústrias nacionais e multinacionais contaminantes do século XX e XXI.
Advertia-se que havia de cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Não havia oportunidades de trabalho, de fala, de discussão e tudo era muito político. Não se observava o lado raiz das pessoas, a simplicidade do natural, o nosso meio era tratado como o inicio do nada. Também não gerava votos, não gerava lucros, não gerava luxo.
Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o bonito que eram os bosques, as matas e lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse e saudável que era a gente.
Ela pergunta-me: Papai porque se acabou a água, as matas e os bosques?
Então, sinto um nó na garganta, não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço a uma geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta tantos avisos dados pela própria natureza.
Agora nossos filhos, e os filhos dos nossos filhos pagam um preço alto e justificável pela nossa ignorância e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar atrás e fazer com que todas as pessoas, todas comunidades, toda humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta terra dilacerado pelos seus próprios habitantes.

Que pena!


(texto extraído da revista biográfica “Crônicas de los Tiempos” de abril de 2002)

segunda-feira, 3 de março de 2008

Desenvolvimento Sustentavel

SUSTENTABILIDADE

Ao analisarmos alguns problemas sócio-ambientais referentes ao estado do planeta e de uma introdução histórica ao conceito de sustentabilidade, sentimos que as possibilidades para focalizar este assunto são inúmeras.
Mas a ótica construtivista desenvolvida nesse contexto justifica-se dentro das questões como relações entre conhecimento local, tradicional e perito (chave para analisar os conflitos ambientais) e a necessidade de assumir uma perspectiva mais complexa sobre os processos de desenvolvimento sustentável.


O desenvolvimento sustentável abrange os seguintes aspectos:

· Integração entre conservacionismo e desenvolvimento;
· Satisfação das necessidades humanas básicas;
· Oportunidades para realizar necessidades humanas
não materiais;
· Progresso no sentido da equidade e justiça social;
· Respeito e apoio à diversidade cultural;
· Condições para a autodeterminação social;
· Manutenção da integridade ecológica;

As propostas de desenvolvimento sustentável são uma alternativa cada vez mais difundida à era moderna que, junto com significativos benefícios, com muita frequência tem provocado impactos ambientais e sociais negativos, tanto nos países mais quanto nos menos desenvolvidos.

Alguns impactos ambientais negativos da modernidade:

Assoreamento de córregos e rios e contaminação dos recursos hídricos por pesticidas, nitratos, dejetos animais e humanos, o que por sua vez pode provocar desequilíbrios nos ecossistemas e problemas à saúde ao se beber água para consumo humano;

Contaminação dos alimentos por resíduos de pesticidas, nitratos e antibióticos;
Uso intensivo dos recursos naturais, afetando os lençóis freáticos, e a capacidade dos solos de absorver dejetos, etc;

Tendência ao crescimento desordenado dos centros urbanos com adensamento populacional de baixa renda em áreas de risco, e ocupação irregular sem ofertas de infra – estrutura e serviços básicos de saúde, educação, transporte e saneamento;

Elevação das tensões sociais e aumento da violência e criminalidade, oriundos da indisponibilidade de geração de renda e ocupação de mão de obra operária.


O conceito complexo de desenvolvimento sustentável remete fundamentalmente a uma atividade produtiva, equilibrada ambientalmente e capaz de preservar o tecido social das comunidades. Também se refere tanto a persistência e a capacidade de algo continuar por um longo tempo quanto à habilidade de adaptação frente a dificuldades inesperadas.

Em relação ao meio ambiente, envolve a idéia de não contaminar ou degradar os recursos naturais. Mas devemos considerar que qualquer definição de desenvolvimento sustentável é específico no tempo e lugar. As situações e condições mudam, e desta forma devem mudar as propostas de sustentabilidade. Por tanto, a sustentabilidade não implica um simples pacote ou modelo, mas um processo de aprendizagem.

Cada vez mais os projetos de sustentabilidade estão sendo associados com a utilização de métodos participativos que garantam um ativo envolvimento das populações alvos no desenho e na implementação das atividades definidas para melhorar o bem-estar da população.
O que se procura com isto é permitir o “empoderamento” destas pessoas através de sua participação. Este é um elemento chave dos projetos, combinado com um claro conhecimento dos limites ambientais e dos requisitos para atingir a satisfação das necessidades básicas das comunidades envolvidas.

A sustentabilidade inclui-se dentro de uma política mais ampla que procura o desenvolvimento humano e sustentável. Este propõe a orientação simultânea para o crescimento econômico, à equidade social, o uso racional dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, num marco de respeito das necessidades dos homens e mulheres.

Podemos afirmar que experiências bem sucedidas de desenvolvimento sustentável se apóiam fundamentalmente em:

a) tecnologias apropriadas e adaptadas às condições locais;
d) abordagens participativas;
d) reconhecimento da necessidade de aprendizagens coletivas;
e) vínculos positivos entre as iniciativas locais e as agências
externas, junto com a existência de parcerias entre as
agências envolvidas.

Precisamos entender que a sustentabilidade, um conceito tão utilizado hoje em dia, envolve um processo de aprendizagem. As práticas mais adiantadas, em lugar de representar um ponto final, permitem criar novos desafios e também novos conflitos. Alguns setores podem acabar sendo mais beneficiados que outros nesse processo.

Mas um aspecto central e chave para garantir a sustentabilidade é a aplicação de métodos participativos. Aqui o alerta vai para uma utilização meramente verbal, de boas intenções, mas que não leva a mudanças significativas nos processos decisórios a nível comunitário. Se isto acontece, sem dúvida que as práticas adotadas não levaram a melhoras nas condições de vida da população nem na qualidade ambiental.
Através destes métodos participativos podem reforçar-se aspectos chaves em nível das comunidades, que permitam a sustentabilidade das respectivas práticas.

Entre tais aspectos podemos mencionar:


1 Capital natural: bens e serviços naturais, como alimentos, regulação e abastecimento de água, tratamento de dejetos, fixação de nitrogênio, recriação e lazer, etc.

2 Capital social: a coesão das pessoas nas suas sociedades, e que envolve relações de confiança, reciprocidade e troca entre indivíduos, que permite fortalecer redes e grupos locais, que podem ter um caráter informal, e entre os indivíduos e organizações.

3 Capital humano: refere-se às condições da população em termos de educação, nutrição, capacidades e conhecimentos dos indivíduos, acesso a serviços como escolas, assistência médica, treinamento de adultos, e inclui também as formas em que os indivíduos e seus conhecimentos interagem com as tecnologias produtivas.

4 Capital físico: infraestrutura local, como habitação, estradas, pontes, fontes de energia, comunicação, mercados, etc.

5 Capital financeiro: envolve dinheiro e poupanças, acesso ao crédito, aposentadorias, subsídios, etc.

Os sistemas de desenvolvimento sustentável acumulam estes capitais com o tempo, enquanto sistemas de desenvolvimento não sustentável levam a seu deterioro.

Se estes elementos forem reforçados através de estratégias participativas podemos contar com que as melhorias na qualidade de vida da população vão a continuar e a revitalização do desenvolvimento pode levar a uma nova dinâmica econômica nos municipios.
Pensem nisso!
Fernando Cotonete