terça-feira, 29 de setembro de 2009

Lixo & cidadania

“SACOLAS PLÁSTICAS” - Ferramenta importante para a disseminação de atitudes !

Muito elogiável as medidas tomadas para fortalecer a cadeia de reciclagem e as cooperativas de catadores que usam lixo como matéria prima para a geração de energias renováveis, anunciadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), durante o 8º Festival Lixo e Cidadania, promovido no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR).
Porém, seria de grande utilidade pública se invertessemos a visão sobre a degradação ambiental gerada pelas sacolas plásticas, partindo do princípio em considerarmos a utilização das mesmas como ferramentas importantes para a implantação da coleta seletiva.
Como é sabído, toda cidade, centros urbanos aglomerados e vilas, são organismos vivos que dependem do equilíbrio da energia produzida e consumida.
Percebe-se que um dos grandes desafios sobre as questões de ordenamento urbano a serem resolvidos, especialmente no que se refere ao saneamento básico, sanitário e ambiental, intrínsecos à qualidade de vida das comunidades, só terão êxito se tivermos como meta trabalhar nossos projetos e programas na aplicação de “políticas públicas” com ampla participação e colaboração da população e, principalmente, dos co-responsáveis pelo processo de sustentabilidade urbana.
Quando se trabalha com visão de melhoria da qualidade de vida das comunidades, com vistas também na melhoria do processo de tratamento integrado dos resíduos gerados em toda cadeia de processamento e reaproveitamento de matérias primas, permitimo-nos implementar programas com grande alcance de cunho social e resultados crescentes em sua maturação, tendo em vista a modalidade de comunicação institucional e operacional, bem como as ferramentas corretas para a implantação e manutenção de programas de saneamento ambiental.
Refletir sobre novas formas de tratar o processo de disposição, coleta e tratamento de resíduos urbanos nos leva a buscar novos caminhos, embasados na mudança de atitudes e valores da sociedade.
A sociedade enxerga e assimila o que o Poder Público demonstra nas ruas, o que nos permite perceber a necessidade de ampliar as formas mercadológicas para a criação de uma cultura, mais evolutiva, sobre a temática ambiental concernente ao tratamento e destinação do lixo e principalmente à valorização do material humano que cuida da manutenção do nosso ambiente.
Percebemos que a questão do lixo trabalhada dentro do enfoque ambiental está além do entendimento da maioria das pessoas, tendo em vista que o diagnóstico de procedimentos atuais quanto ao tratamento das coisas que não suprem o nosso ego, nossa qualidade de vida e o nosso consciente, não adquirem a valoração desejada conforme abaixo:
Perspectiva – O que está longe dos olhos do Ser Humano não conseque se concretizar de forma coerente, apesar de vermos tantos focos de lixos nas calçadas, ruas, praças, jardins, canteiros, córregos, rios e etc.
Expectativa – O que está fora do alcance das pessoas não possibilita que elas se dediquem a uma ação ampliada, por não saberem estabelecer procedimentos e atitudes em nível comunitário para a concretização de programas de políticas públicas.
Percebemos a necessidade em ampliar as formas de divulgação correspondente a aplicação de lixeiras e sacolas diferenciadas como ferramentas apropriadas para incentivar e conscientizar sobre a coleta seletiva, considerando os aspectos primordiais para ampliar as possibilidades em implantar a coleta seletiva com redução de custos operacionais apropriados pelo poder público , ou seja: colocar ao acesso da população, sacolas plásticas fornecidas pelos supermercados, padarias, lojas de varejo, etc, nas cores branca e marrom.
Esta modalidade de incentivar para que a coleta seletiva seja iniciada nas residências e comércios, através da diferenciação de sacolas para disposição correta do lixo seco e lixo úmido, irá permitir uma redução de custos no processamento e reaproveitamento de matérias primas recicláveis, bem como das não recicláveis que podem ser transformadas em energia e insumos orgânicos para reintrodução no ciclo produtivo da natureza.
Fato a ser considerado é na diferenciação da produção das sacolas. Sacolas brancas poderiam ser produzidas com uma qualidade superior as fornecidas atualmente, o que incentivaria a redução da utilização de uma quantidade maior de sacolas para transporte de produtos e as sacolas na cor marrom poderiam ser produzidas com uma qualidade inferior as sacolas brancas fornecidas atualmente, tendo em vista a sua participação no processo de produção de uma fração biodegradável para o tratamento biológico do lixo e a consequente produção de biogás como fonte de energia.
Um ponto de partida para a implementação da coleta seletiva encontra-se na possibilidade de gerar receitas a partir dos resíduos sólidos, através da sua reintrodução no ciclo produtivo, seja pelo aproveitamento de sucata como matéria prima – caso da fração seca dos resíduos domiciliares(sacolas na cor branca); - Seja por seu aproveitamento sob formas de fertilizantes e produção de biogás – caso da fração orgânica (sacolas na cor marrom), tanto do lixo domiciliar, como de vários outros resíduos urbanos.
O tratamento que damos ao lixo é psicológico, educacional, conceitual ou estrutural ?
Percebe-se que o lixo passa despercebido por diversas esferas da sociedade e as ações deverão ser trabalhadas de forma conjunta e convergente, para disseminar os procedimentos de seletividade, tais como: educação ambiental, território, valores da sociedade, sentimentos de pertencimento com a cidade, alem das ferramentas apropriadas para a disponibilização, recepção e acomodação de lixos e/ou resíduos sólidos.
Percebe-se também que o homem é capaz de colocar intencionalidade naquilo que faz. Desenvolvendo habilidades e procedimentos que possam melhorar a sua qualidade de vida e do ambiente urbano, as pessoas poderão adotar novos conceitos e atitudes que serão benéficas a todos, com resultados práticos para a nossa sociedade, adotando os seguintes procedimentos:
Incentivar a implantação e/ou adequação da lixeira padronizada para distribuição e alocação de volumes (Lixo Orgânico, Lixo seco, Garrafas Petty e latas/ vidros);
Estimular a sociedade através da imagem positiva da Coleta Seletiva nos caminhões de coleta, ferramentas de trabalho e uniformes dos profissionais de limpeza pública;
Disseminar as formas de separação do lixo orgânico e do lixo seco através das sacolas plásticas fornecidas em supermercados, padarias e varejistas:
Sacolas na cor Marrom com dizeres “Lixo Orgânico”
Sacolas na cor Branca com dizeres “Lixo Seco”
Estas considerações sugerem a busca de uma perspectiva distinta, na confluência de duas visões de economia política e ambiental; uma de caráter construtivista e social e, a outra, de cunho ético, realista e fomentadora no aspecto da geração de renda e perpectivas de novos nichos de mercado. Considerando que estas duas visões podem e devem coexistir, ganha maior importância utilizá-las na formulação das Políticas Públicas de Governo, principalmente no âmbito dos Municípios.
Utilizar as sacolas plásticas de forma a permitir uma cultura evolutiva no processo de seletividade e reutilização de matérias primas reciclaveis, é optar pelo jeito mais simples e abrangente em reduzir os custos de reaproveitamento e elevar o padrão operacional com reflexos positivos no que concerne à dignidade dos profissionais envolvidos no tratamento do lixo.
Fernando A.R.Costa Cotonete
E. Ambiental - Contagem/MG